Rota do Queijo Minas Artesanal: Serras da Ibitipoca e Campo das Vertentes

Os apaixonados por Queijo Minas vão adorar conhecer a Rota do Queijo Minas Artesanal. Ao todo são 10 regiões produtoras do QMA que oferece aos visitantes a oportunidade de conhecer queijarias, fazendas e até mesmo acompanhar o modo de fazer o queijo, que recentemente foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Visitamos 3 fazendas produtoras nas regiões das Serras da Ibitipoca e também do Campo das Vertentes.

Foto: Isis Medeiros

Começamos nosso passeio pela região das Serras da Ibitipoca. A primeira parada foi na Fazenda São Mateus que produz o premiado Queijo Paiol Velho. A fazenda está localizada em Rosário de Minas, distrito de Juiz de Fora na Zona da Mata mineira.

O queijo é produzido desde 2016 pela família Modesto. Seu Luiz Eugênio nos contou que o queijo era feito antigamente pelos seus avôs e era apreciado por todos em torno do antigo paiol da fazenda, que hoje dá nome a iguaria produzida pela família.

Família Modesto

André Modesto está a frente da produção nos dias de hoje, e junto com sua mãe Andréa, se especializou na fabricação pelo Senar, modernizaram a queijaria datada de 1940, se adequando a novas normas de fabricação do QMA. Ele ainda aprendeu técnicas de maturação na escola francesa Mons.

A receita permanece a mesma: Leite cru, coalho, pingo e sal. O Queijo Paiol Velho já conquistou várias prêmios importantes como o V Prêmio Queijo Brasil.

Seguimos então para o Sítio Primavera em Lima Duarte, comandado pelo casal de cariocas Jorge e Maria Elisa, que em 2013 decidiram mudar de Estado e de profissão: ambos são advogados.

Jorge e Maria Elisa

Aposentaram e se renderam a vida rural. Encontraram o terreno perfeito e ali construíram casa, uma queijaria e também uma pousada. Visionários!

Maria Elisa que também é Presidente da Associação de Produtores de Queijo Minas Artesanal da região das Serras da Ibitipoca, nos contou que construíram uma nova queijaria em 2020, se adequando as normas atuais de fabricação e desde então já arremataram medalhas de ouro e prata na ExpoQueijos. A medalha de ouro veio através do queijo minas maturado no vinho que é um espetáculo.

Atualmente eles preferem manter a produção reduzida. São produzidos em torno de 50 queijos por mês!

Na região do Campo das Vertentes visitamos a fazenda Santo Antônio do Categeró, na zona rural de Carrancas. Lá é produzido o premiadíssimo Queijo Bicas da Serra pelo produtor José Orlando desde 2011.

Produtor José Orlando

O queijo já levou medalha de bronze no Mondial du Fromage na França, ouro no III Prêmio Queijo Brasil categoria queijo com fungo e também venceu o Concurso Estadual do Queijo Minas.

José Orlando também mantém a tradição dos seus antepassados. Ele conta que quando os avós faziam o queijo, ainda se chamava queijo catiara. No ano de 2008 fez um curso do modo de fazer o QMA no EMATER e em 2011 construiu a queijaria.

A ordenha começa as 6 da manhã e ele conta que produz atualmente 15 queijos por dia. Para isso são necessários até 200 litros de leite.

Todo esse sucesso não veio tão fácil assim! Ele conta que jogou muito queijo fora pois não entendia muito bem da maturação e achava que o mofo desenvolvido no queijo estava estragado. Foi somente quando aconteceu um festival gastronômico em Carrancas e uma francesa cujo pai produzia queijo de cabra visitou sua fazenda.

José Orlando estava mostrando os queijos mais amarelos mas a francesa quis o queijo mofado que estava de canto e que ele havia esquecido de retirar. Ela pediu "os mais azuis possíveis" e os comprou!

Foi então que ele pensou: "Se ela come eu também vou comer". Ele provou e achou muito saboroso!

Com o objetivo de aprender mais sobre os processos de cura do queijo, José fez vários cursos, dentre eles, a formação intensiva Immersion Afinnage da Mons na França.

Ele montou também o Armazém Bicas da Serra no centro de Carrancas, para atender os turistas e também a população.